Ah, se Arenaldo viesse! história de uma infância Primeira Parte volume I

Tapera

Em outra era, era 

a folha do coqueiro.

E o barro era argamassa no barreiro.

Paus e palha e cipós prefiguravam

paredes e telhado.

Depois, a roça

e junto à roça, a choça

a alardear condições prístinas.

Foi natureza em tempo social,

com o amor do casal

e os meninos brincando no terreiro,

duas vacas mugindo no curral,

e o galo com o canto sublimando

auroras e crepúsculos...

Mas quem lavrava a roça

não possuía terra nem palhoça.

E veio a ordem, antes do ultimatum:

– Abandonem a terra !

Na roça, agora

o carrapicho é deus e impera.

Na beira da estrada, a tapera

mais que viola e cântico

relembra o lavrador

(sua lavra, mais a dor).