Outono das parideiras

“Desde que o vi pela primeira vez – já faz quatro anos – venho observando seu modo natural de lidar com as pessoas. Despretensioso, vai conquistando todo mundo. Homem bom por natureza, correto e leal, consegue relacionar-se não só com os humildes, como também com intelectuais de todo naipe. Ele me parece meio azougado, não sabe ficar quieto, está bolando novidades em catadupa, como se a fonte natural de seu destino o obrigasse a jorrar das alturas, e, sua caminhada, o inesgotável talento. Tento resumir meu palpite sobre Adolfo Maurício, como gente. Pois bem. Esse mineiro me surpreende com sua sensibilidade; tem físico de lutador de boxe; tem alma de poeta. Custa-me crer que corpo e espírito fazem um só ente – higidez do físico e fragilidade do psiquismo – que partilha a angústia universal e consegue fazer versos. Vocábulos se atritam, frases catadupejam nas metáforas, tiradas transcendentes boiam na limpidez verbalizada, a plenitude do mistério está presente. (...) Adolfo Maurício não carece de minhas pateguices laudatórias. Carlos Nejar, Affonso Romano de Sant’Anna, Ascendino Leite entre outros, já lhe gabaram o dom e a obra. No entanto, resumo agora a história do homem e do poeta que só agora conheço melhor.”